O natal marginal

     
Hoje, Dentro da Cultura evangélica brasileira, de bispos,apóstolos, e ungidos, não teria espaço para entender o nascimento de um Rei-salvador que nascesse nas estrebarias, tirando seu primeiro sono deitado numa manjedoura e muito menos haveria espaço para uma caminhada aonde o único referencial é de uma estrela no céu,existem aqueles também que  estão muito entretidos nas nossas dogmáticas e sistemáticas, "conhecendo" a Deus, tentando entender a sua mente.  
     
Se contássemos que um Menino-Rei- Salvador teria recebido a visita de três sábios ou magos do oriente, provavelmente vindo da pérsia, será que os evangélicos entenderiam? eu aposto que não, com certeza seriam heregificados na hora. Claro que hoje é fácil pois está escrito, mas se colocando no tempo em que esses fatos se deram eu duvido muito que os evangélicos conseguiriam enxergar Deus naquele ser indefeso, nascido em belém,  deitado num lugar próprio para animais. 
    O cenário atual do cristianismo brasileiro é dividido entre dois grandes grupos, os que se envolvem em seus próprio projetos pessoas e usam de Jesus como nome forte para apoiar-se (teologia da prosperidade,auto ajuda e afins) e os que estão mergulhados na  teologização de tudo, dogmatizando e sistematizando até o ar que respira (reformados em geral). Não acredito que nenhum desses estaria com a percepção tão aguçada em que pudesse perceber o maior acontecimento de todas as eras, aquele menino pequeno e frágil era simplesmente o inicio da maior obra que ja foi feita, na verdade ja tinha sido realizada antes da fundação do mundo, ja tinha sido profetizada no livro da criação, nos profetas, no salmos, e na boca das criancinhas de peito.  
     Por isso o meu título " Natal Marginal" aludindo o fato de que o verdadeiro Natal está a margem de tudo isso que está posto, e que por estamos tão envolvidos em nossas agendas religiosas não conseguimos perceber que ele está vindo da maneira menos esperada possível, e por isso á margem de nossos conceitos éticos, estéticos, e morais/religiosos. Estaria eu sendo conta a celebração do natal? pelo contrário sou muito a favor de tudo, antes eu só chamo atenção para que nossos vícios de pensamento nos impeça de saborear a loucura da graça, da pregação, o inesperado de Deus, que ainda acontece, ele ainda surpreende aqueles que acham que sabem, como nós. Diante disso eu sempre oro a Deus para que eu seja simples e prudente e possa percebe-lo nas coisas banais do dia a dia, tanto quanto nos eventos em que seu nome é diretamente louvado. O fator marginal do natal talvez seja o banquete em que devemos nos fartar, o fato de que ele nos surpreende com seus caminhos bem mais altos que os nossos.

Reflexão sobre o filme " 7 minutos depois da Meia-noite".

   
 Olá pessoal! Esse Blog não é de spoiler, nem  de critica cinematográfica. Não irei falar aqui sobre qualidade de atuação, roteiro, ou efeitos especiais, Gostaria de abordar o conceito tratado no Filme "Sete minutos depois da meia noite" que tem como um protagonista um menino cujo nome eu não sei (deixarei um link com a ficha técnica no fim do texto) que vive um drama existencial familiar terrível e em sonhos uma árvore começa a dialogar com ele confrontando suas visões de mundo através de histórias que ela (a árvore) presenciou durante centenas de anos. Legal pensar que um ancião é tipo uma árvore que viu tantas coisas acontecerem perto dela e continua ali em pé, com raízes profundas, oferecendo sombra. Porém esse não é o tema central do filme.
     O garoto, personagem principal do filme, vive muitos conflitos, a principio parece que ele é uma vítima dos colegas de sala, da avó, entre tantos outros, Mas depois me parece claramente demonstrado no filme que os conflitos eram bem maiores dentro dele, aonde ele era o tipo mimado que esperava que as coisas fossem como ele esperava na vida, e como nada ia como pensava e ai tinha atitudes de revolta, Conor, como é chamado, era o tipo que criava narrativas paralelas para não encarar certas realidades.Quando criamos uma narrativa, inventamos o certo e errado que se adeque aos nossos conceitos, mas numa história que a arvore conta é demonstrado a ele que nem sempre somos só vilão ou só vítima, e que essas duas realidades fazem parte do ser humano. Um mesmo fato a depender da narrativa que adotamos vai estabelecer de um lado ou de outro os vilões e os mocinhos, aqueles que deverão ser louvados e outros julgados e condenados.
     Normalmente nossa tendência é sim muito dualista, muito dicotômica, ou seja, normalmente buscamos culpados e inocentes nas histórias. Até hoje queremos ver bem claramente vilões e mocinhos nos filmes, queremos identificar claramente quem é o bem e o mal, se olharmos bem, temos esse forte impulso de simplificação banal das coisas e das pessoas encerrando tudo em nossos rótulos e narrativas, os quais nossa maneira de ver é sempre muito conveniente ao que pensamos. Normalmente deixamos muito a nossa visão pessoal influenciar nossas análises, dentro disso tem o nosso preconceito e religiosidade os quais nos emburrece a cada dia mais.
     Eu achei esse filme muito mais 'Evangélico" do que muitos filmes "gospel" que ja vi. Recentemente  vi o filme "a cabana" e sinceramente achei esse bem mais profundo do que o outro. A experiencia de ser cristãos nas igrejas de hoje é emburrecedora, não incentiva a que se faça reflexões mais profundas, as pregações são sempre aquelas mesmas coisas, muito voltado para regramentos e dietas morais do que de fato experiência com Deus na dura realidade do dia a dia, em que temos conflitos com a nossa humanidade.Fico Feliz de ver um filme assim o qual vemos claramente a graça  de Deus agindo na vida de pessoas que não tem uma experiencia direta com eles, e conseguindo propor reflexões que a maioria dos grandes pastores e até teólogos não fazem, pois suas atenções estão voltadas para os dogmas menos do que para problemas reais.
Eu quis dar o minimo de Spoiler possível a respeito do filme, pois quero recomendar fortemente que está no NetFlix e depois me falem o que acharam.

Um abraço.

Paulo Gustavo

Descrição do Filme: 7 minutos depois da meia noite