O fim do começo ou começo do fim
"O fim das coisas é melhor que o seu inicio" Ec. 6.8
O que estas vivendo o "fim do começo" ou "começo do fim"?
-fim do começo: Pessoas que estão vivendo na expectativa do passado, nas glorias que tiveram, vivem no eterno saudosismo religioso, vivem apenas nas lembranças, como Deus fazia, usava, ...etc.
-Começo do fim: Vivem o hoje, como se Cristo voltasse agora! não se acomodam com os milagres, sempre estão a busca de Deus, se Deus abriu ao mar vermelho ontem, hoje eu quero atravessar o Jordão!
Que Deus Continue Abençoando!
Ditaduras reformadas: "e proibido pensar"!?
Gostaria de falar de uma ditadura que tenho visto e sentido de forma muito clara nos ambientes cristãos reformados, nos círculos de debate, e na convivência com amigos que eu chamo de “ditadura da reforma” ou de certos “reformados”. Ditadura é uma palavra usada para regimes de governo totalitários que usam de todas as formas de violência para aniquilar o pensamento contrario ou diferente. Uma das maiores armas das ditaduras foi matar o pensamento livre. Toda produção literária, textual, artística, editorial, tinha o conteúdo controlado por aquele determinado regime que censurava no caso de as idéias difundidas ali serem contrarias as doutrinas daquele determinado controle.
Quis trazer o conceito
de ditadura como exemplo para uma realidade que tem me incomodado muito, mesmo
porque eu não permito que nada me impeça de pensar livremente tanto sobre Deus
quanto qualquer que seja o assunto. Muitos cristãos têm chamado para si o titulo
de "ortodoxo", tem traçado uma linha, e qualquer que pensar fora de
tais limites é taxado como liberal, ou coisa do tipo, isso quando não se chama
de herege. Normalmente isso é feito por quem na verdade não estuda de forma
séria, aprendeu alguns conceitos vindos de segunda mão, e já pensa que e
calvinista e sabe alguma coisa, mas de fato esta no cafézinho da caminhada como
estudante. Para os que querem aumentar o seu nível de dialogo e não ficar tão medíocre
como esses eu gostaria de oferecer idéias simples que nos ajudarão a pensar com
maior amplitude.
Em primeiro lugar não
existe uma teologia perfeita, a bíblia sim é perfeita no sentido de que o seu conteúdo é digno de toda aceitação, mas as interpretações que existem dela são
imperfeitas e carecem de limitações, pois são tentativas de entender a mente
ilimitada de Deus, existem verdades nucleares e inegociáveis disso ninguém
discute, porém situações de seqüência lógica,
abordagem, o meio pelo qual se chega a raciocinar, em fim... para tudo isso não
ha uma regra absoluta. Por exemplo: Encarnação, Vida, Morte, e Ressurreição são
ensinamentos absolutos cristãos, mas dependendo da linha ela terá da mesma verdade
uma interpretação, uma ênfase, uma abordagem diferente de tantas outras que
existem.
Gostaria de em segundo
lugar falar sobre o conceito de ortodoxia que quer dizer nada mais e nada menos
do que linha doutrinaria, ou seja, toda pessoa que defende uma linha de
pensamento é ortodoxa por defender aquele pensamento. Tenho visto no debate cristão
uma tentativa de comprar os direitos de uso da palavra ortodoxia por parte de
setores reformados, os próprios de forma soberba e tirana tem feito um monopólio
da virtude quando chamam para si um ar de espiritualidade diferente dos que
defendem uma outra perspectiva, como se isso fosse pré-requisito para tal
coisa.
A minha
terceira critica a ditadura dos que se
dizem estudantes de teologia é que as criticas feitas a outros pontos de vista
raramente tem uma base em estudos sérios e próprios, são pré-conceitos que são plantados
e que pegam por causa dos rótulos que são lançados, lembre-se que eu usei o
conceito de totalitarismo, e isso e muito comum em regimes de poder. O Apostolo
Paulo Recomenda “examinar tudo e reter o que e bom”, mas a maioria dos
militantes “ortodoxos” não estudam tudo e não são ensinados a pensar por si, e recebem
tudo pronto dos professores, teólogos de internet, que também são cheios de
tendenciosidades, existe uma dimensão de síntese individual na caminhada do
estudante, ou seja, ele mesmo deve colher as informações e discernir com seu coração
baseado no testemunho da palavra no Espírito Santo. Espero ter contribuído para
que haja realmente um estudo teológico que afete sua vida devocional e não para
que você acumule informações vazias de sentido pratico e que não cooperam para
o amor. Paz pra todos!
o que eu sou não importa tanto quanto o que eu quero me tornar.
O Novo Testamento e o Cristianismo Primitivo, um esclarecimento
Há alguns
dias, em um grupo teológico, alguém postou um texto afirmando se a Bíblia
Hebraica, somente, é a fiel palavra de Deus. Disse, também, que o Novo
Testamento não era reconhecido pela Igreja Primitiva (entre sécs. I e III), mas
somente pela Igreja Romana, no sec. IV.
Bom, e o que
será que a história diz sobre isso? Como a igreja nutriu, por tanto tempo, as
doutrinas cristãs? Como se defenderam das ameaçadoras heresias que surgiam,
como as dos gnósticos (sécs. I e II), dos Judaizantes, as de Montanus (final do
séc. II), as de Marcião (sec. II), dos sebalianos e arianos (sécs. III a IV), e
tantas outras que tentavam jogar por terra a deidade de Cristo, ou firmar que
Cristo era um outro deus, ou apenas um profeta? O que liam em suas reuniões?
Para
entender como pensavam nossos irmão primitivos a respeito do novo testamento,
irei usar aqui 4 arquivos históricos, o livro “Historia Eclesiástica” de
Eusébio da Cesárea (270 – 340 d.C.) , “De Principiis, Livro IV” de Orígenes de
Alexandria (185 – 253), escrito por volta de 311 d.C, “Contra as Heresias” por Ireneu
de Lião (130 – 202 d.C), de 180 d.C e os Cânone Muratori de 170 d.C.
Das três
primeiras obras, a de Eusébio é a única que tem mais de um capitulo dedicado as
obras dos apóstolos. Apesar de não reconhecer algumas cartas como testamentárias
(canônicas), como a de II Pedro, ainda fica bem claro que as demais eram aceitas
como inspiradas e canônicas.
Vejamos:
“De Pedro reconhecemos uma única carta, a
chamada I de Pedro. Os próprios
presbíteros antigos utilizaram-na como algo indiscutível em seus próprios
escritos. Por outro lado, sobre a chamada II carta, a tradição nos diz que não
é testamentária, ainda assim, por parecer proveitosa a muitos, é tomada em
consideração junto com as outras Escrituras.” (III, 1)
Eusébio
sobre os escritos de Paulo:
“Por outro
lado, é evidente e claro que as catorze
cartas são de Paulo.” (III, 5)
Das obras de
Lucas:
“Lucas, por outro lado, oriundo de
Antioquia por sua linhagem e médico de profissão, foi durante a maior parte do
tempo companheiro de Paulo. Mas seu trato com os outros apóstolos também não
foi superficial: deles adquiriu a terapêutica das almas, da qual nos deixou
exemplos em dois livros divinamente inspirados: o Evangelho, que ele confessa ter composto segundo o que lhe
transmitiram os que foram testemunhas oculares e se fizeram servidores da
doutrina, dos quais ele diz que seguiu já desde o começo, e os Atos dos Apóstolos que compôs, já não
com o que tinha ouvido, mas com o que viu com os próprios olhos.” (IV, 6)
Eusébio,
ainda escreve um capitulo sobre quais livros a igreja deve ou não aceitar como
escritos do Novo Testamente, ou Canônicos.
“Chegando
aqui, é hora de recapitular os escritos do Novo
Testamento já mencionados. Em
primeiro lugar temos que colocar a tétrade santa dos Evangelhos, aos quais
segue-se o escrito dos Atos dos Apóstolos. Depois deste há que
se colocar a lista das Cartas de Paulo.
Depois deve-se dar por certa a chamada Primeira
de João, assim como a de Pedro.
Depois destas, se está bem, pode-se colocar o Apocalipse de João, sobre o qual exporemos
oportunamente o que dele se pensa. Estes são os ditos admitidos.”(XXV, 1-3)
A carta aos
Hebreus pode ser incluído nas cartas de Paulo, pois Eusébio que ter sido Paulo
quem escrever.
Origines,
que foi, também, um grande defensor da deidade de Cristo, no prólogo de seu
livro, deixa bem claro sua crença de que os Evangelhos, assim como o Velho e o
Novo Testamente, foram dados pelo próprio Deus.
“Este Deus, justo e bom, Pai de Nosso Senhor
Jesus Cristo, foi quem nos deu a Lei e os Profetas e o próprio Evangelho, o qual é também o Deus dos apóstolos, assim
como do Velho e do Novo Testamento.”
(Prólogo, 4)
“se
escutarmos as palavras de Paulo como sendo palavras do Cristo que,
segundo a sentença do próprio Apóstolo, nele fala” (III, 22)
“... as divinas Escrituras a chamam de invisível, como quando Paulo diz Cristo ser a imagem invisível do Pai (Col. 1, 15), para
pouco depois dizer que por Cristo foram criadas todas as coisas, as visíveis e
as invisíveis (Col. 1, 17)”. (III, 27)
Em outro
lugar Origines escreveu:
“Segundo
aprendi com a tradição a respeito dos quatro
evangelhos, que são os únicos inquestionáveis em toda Igreja de Deus em todo o
mundo. O primeiro é escrito de acordo com Mateus, o mesmo que fora publicano, mas depois apóstolo de Jesus
Cristo, o qual, tendo-o publicado para os convertidos judeus o escreveu em
hebraico"
Origines
parece não ignorar os escritos paulinos como canônicos.
Irineu,
antes de Origines, e assim como ele, via os escritos neo-testamentários como
divinamente inspirados e canino. No texto abaixo, quando trata sobre as
heresias dos ebionitas e nicolaítas, Irineu acusa os ebionitas de aceitarem o
evangelho de João, e rejeitarem os escritos de Paulo, que eram considerados
pela igreja como divinamente inspirados.
“Utilizam somente o evangelho segundo Mateus e rejeitam o apóstolo Paulo como apóstata da Lei.” (26, 2)
Nesta outra parte,
Irineu se refere ao texto do Evangelho de João 1.3 como sendo a própria escritura,
veja:
“Nós, porém
nos mantemos firmes na regra da Verdade,
isto é, que existe um só Deus onipotente que tudo criou pelo seu Verbo, plasmou
e fez que o que não existe passasse a existir, como diz a Escritura: "Pela palavra do Senhor os céus foram
feitos e pelo sopro de sua boca toda a potência deles". E ainda: "Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada
foi feito".” (21, 1)
Agora, vamos
à obra mais antiga (170 d.C.) e mais incrível entre as citadas, com respeito à
Igreja Primitiva e os cânones neo-testamentários, o Cânone de Muratori. O
escrito, infelizmente incompleto, lista os livros aceitos como canônicos pela
igreja do segundo século. Refere-se aos evangelhos de Lucas e João como sendo o
terceiro e quarto evangelho, a parte que trata, provavelmente, sobre Mateus e
Marcos não foi encontrada. O fragmento comenta sobre Atos dos Apóstolos de
Lucas, as cartas de Paulo, e as apostólicas. O pequeno texto também trata sobre
alguns escritos que não devem ser aceitos pela igreja, como as cartas aos
Laodicenses e aos Alexandrinos, atribuídas falsamente a Paulo.
Vejam:
“O terceiro livro do Evangelho é o de Lucas.
Este Lucas “médico que depois da ascensão de Cristo foi levado por Paulo em
suas viagens” escreveu sob seu nome as coisas que ouviu, uma vez que não chegou
a conhecer o Senhor pessoalmente, e assim, a medida que tomava conhecimento,
começou sua narrativa a partir do nascimento de João. O quarto Evangelho é o de João, um dos discípulos.”
“Os Atos
foram escritos em um só livro. Lucas
narra ao bom Teófilo aquilo que se sucedeu em sua presença, ainda que fale bem
por alto da paixão de Pedro e da viagem que Paulo realizou de Roma até a
Espanha.”
“Quanto às epístolas de Paulo [...] não precisamos discutir
sobre cada uma delas, já que o mesmo bem-aventurado apóstolo Paulo escreveu somente a sete igrejas, como
fizera o seu predecessor João, nesta ordem: a primeira, aos Coríntios; a segunda, aos Efésios; a terceira, aos Filipenses; a quarta, aos Colossenses; a quinta, aos Gálatas; a sexta, aos Tessalonicenses; e a sétima, aos Romanos [...]. Além disso, são tidas como sagradas uma [epístola]
a Filemon, uma a Tito e duas a Timóteo.”
“Entre os
escritos católicos, se contam uma epístola de Judas e duas do referido
João [...]. Quanto aos apocalipses, recebemos dois: o de João e o de Pedro; mas, quanto a este último, alguns dos nossos não querem que seja
lido na Igreja”
Podemos,
então concluímos que os escritos neo-testamentários eram sim usados pela igreja
primitiva, e não só usados, mas eram considerados canônicos inspirados e dados
pelo próprio Deus. Afirmar que a igreja primitiva não reconhecia os escritos do
Novo Testamento como inspirados sem conhecimento histórico, é tão ignorante
quanto dizer, “esta ou aquela bíblia, versão, tradução é a verdadeira e fiel”.
Por favor, parem de impedir a ação do Espírito Santo.
Em Cristo,
Leandro Schoen
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Leandro Schoen
“Filho por provisão, Pai ainda não; Pastor em formação, Ministro por vocação; Crente por Eleição; Corintiano por Paixão; ‘Do Contra’ por opção”
Leandro Schoen, 26 anos, casado com a linda Camila. Cristão protestante de fortes convicções reformadas. Estagiário a pastor na Igreja de DEUS no Brasil (Church of God Anderson, Indiana), na Vila Lindoia, Curitiba, PR.
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