A bíblia e os limites da reflexão cristã!

 Olá amados irmãos leitores, ocorreu-me de usar esse espaço para pensar um tema pouco falado, mas importante para nossa caminhada, que são as limitações do saber teológico e da reflexão cristã, ou seja, saber calar quando Deus se cala, saber falar até onde Deus fala, não buscar entender o que é inacessível a nós, mas caminhar mesmo com todas as dúvidas e incertezas que na verdade fazem parte da condição precária da vida humana. Existem aqueles que Advogam que a escritura pode responder todas as coisas, que por ser inerrante e infalível ela apresenta parâmetros para os menores centímetros da existência humana (não está tão errado), sabe o tipo de cara que estudou teologia e tem resposta pra tudo? pessoas assim acreditam que a complexidade da vida cabem em sistemas teológicos ou cabe numa dogmática ou confissão de fé.
      Pessoas assim sempre tem o que dizer até em momentos de tão profundar dor e sofrimento aonde o silêncio e o gesto reverente diriam muito mais, pessoas assim têm sempre um sermão na manga, uma teoria do estado, da sociedade, da moralidade, enfim... não que a bíblia não tenha isso, mas isso faz com que se "teologize" a vida demais, quando na verdade o foco principal da bíblia não é ensinar moralidade e ética, pois outras religiões o fazem, mas apresentar o plano da salvação ao homem, ou seja, o foco da bíblia é Jesus, é o Reino de Deus que chegou com ele, é a redenção do homem. Deus tem também outras tantas maneiras de falar ao homem, por exemplo, pela sua própria experiencia e cotidiano, pela boa ciência, pela razão muitas vezes, entre outras coisas, não sei se é viagem minha, mas para alguns eu percebo que a vida é um grande dogma, que nada fora dele se não coisas falsas e não aproveitáveis, na verdade o que eu estou falando aqui ja é uma "teologia", na verdade o que eu quero denunciar é um "biblicismo" exagerado da parte de muitos, que os leva a legalizar a vida, a torna a caminhada um calvário de regras e sistematizações, que geram processos de culpa, de medos, de "mal resolvência", e pessoas sistemáticas, sem nenhuma perspicácia e discernimento espiritual.
    Muitos ao ler isso diriam para min que estou relativizando o fato de a bíblia ser nossa regra absoluta de fé e prática, ou o fato de ela ser infalível ou inerrante, pelo contrário estou afirmando, pois em assuntos relacionados a salvação e vida do homem a bíblia contém toda base de verdade, seja ela da salvação, mas também da vida ética, o que eu estou afirmando é que ela não quer tratar de tantos assuntos de modo que precise de tantos enquadramentos, isso é um tipo de racionalismo biblicista exagerado que leva a uma nova forma de farisaização e legalismo. Não podemos achar que o legalismo era uma coisa só do Primeiro século, mas que era uma forma de pensar característica que se produz de muitas formas ainda hoje no seio da cristandade. Normalmente esses exageros são cometidos não pelos ignorantes e leigos que são maioria por ai, mas pelos reformados, calvinistas, que têm uma obsessão em serem "bíblicos" conforme suas perspectivas, porém o exagero os faz cair em distorções várias e que acabam não produzindo justiça.
   Para conclusão Gostaria de colocar um texto muito elucidativo ao que estou tentando colocar: 
"Há três coisas misteriosas demais para mim, quatro que não consigo entender: O caminho do abutre no céu, o caminho da serpente sobre a rocha, o caminho do navio em alto mar, e o caminho do homem com uma moça." Provérbios 30:18;19
   Para o proverbista, do alto sua sabedoria ainda existiam coisas que ele não alcançava, que ele não podia entender, que ele não poderia sistematizar sobre, que ele não poderia teologizar,ou seja, eram coisas contempláveis, mas que não cabe na linguagem e nas simplificações que buscamos fazer. Portanto que a nossa vida seja teórica sim, mas também prática, a nossa espiritualidade é a dos nossos dias e tempos, e não das idealizações exageradas que não pacificam o ser e a existência.

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