O Papel das emoções no caminho da espiritualidade!

   

     Sermos complexos enquanto formas de vida faz com que diversos fatores e ambientes, tanto externos quanto internos tenham peso em nossas ações, reações, respostas, e reflexos. Por emoção damos o nome do conjunto de estímulos que recebemos e emitimos na tentativa de interagir com tudo ao redor, seja o nosso semelhante, seja a natureza, seja o ente coletivo familiar, social, entre tantos outros. Nesse texto vamos dar um trato especial com o tema emoções, pois é, vamos dar uma atenção para essa faculdade tão particularmente humana, que historicamente, a literatura e o pensamento cristão não dá tanta importância, porém têm se mostrado importante na medida em que estamos assistindo a um surto mundial de uma série de transtornos, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, entre outros.
    Os séculos anteriores foram períodos de proeminência de uma suposta "razão", aonde a parte do nosso ser identificada com as emoções era abafada em nossos processos decisórios em nome de filosofias áridas, secas, pouco empáticas, que levam em conta apenas um "cartesianismo matemático linear". Essa secura no pensamento moderno, faz com que a vida se traduza em "números" e "argumentos" totalmente desprovidos de alma, fazendo com que toda análise feita não compreenda a complexidade da existência humana, resultando num adoecimento pandêmico, aonde hoje as pessoas estão desesperadas buscando formas de se expressar, se identificar, pertencer, e sentir, sem saber lidar e gerenciar suas emoções e afetos.
     Antes de Entrar diretamente no tema das emoções é preciso falar sobre auto conhecimento. Precisamos ter uma caminhada interior, saber nossas potencialidades, nossas fraquezas,  e perceber como agimos e reagimos diante de fatos, de situações vividas, podendo assim crescer mais em maturidade. O termo Inteligência emocional está super em voga, e é a maneira que a modernidade está tentando traduzir a necessidade de sermos maduros, sabendo compreender as coisas que nos cercam. As emoções fazem parte de todo esse processo e caminhada da espiritualidade, precisamos ir em busca disso em nosso cotidiano.
     Somos emoções quase que da cabeça aos pés. Aqueles que se dizem razoáveis e calculistas são irracionais se não admitirem que o processo emocional nos implica integralmente, desde a parte mais sensível até o nível mais profundo. A alimentação envolve emoções e afeto, o vestir, estilo de vida, a forma como se expressa, enfim.. todos os nossos apetites, preferências, e gostos são implicados emocionalmente. O pecado desajustou nossas emoções, desalinhou nossos afetos e afeições, nos desencaminhando para processos doentios, em que as emoções se tornam o guia para tudo em nossas vidas, nos colocando numa posição de meros expectadores e apenas responsivos aos impulsos e instintos. Há grande perigo em cair nesse fosso, pois podemos ficar há um passo da nossa bestialização, desembocando na parte comportamental, sexual, entre outras coisas, por exemplo, a nossa era é sentimentalista, ela cultua as emoções, ela construiu um altar para os afetos, como se esses fossem nossos guias, e ao invés de nos faz administradores de nosso processo emocional, nos faz reféns.
     Precisamos como cristãos promover uma total redenção para as emoções. Não que elas sejam eliminadas do nosso processo de ser e existir, mas que elas sejam realinhadas e administradas, pois assim nos impulsionarão a um caminho de sabedoria, entendimento, e de relacionamento mais profundo e mais proveitoso com tudo ao redor. Dentro de uma relacionamento com Deus e do cultivo que é a espiritualidade cristã, esses são nossos desafios diários: Submeter nossas emoções a um auto-exame, permeando nossas afeições com o evangelho. Esse caminho é árduo, doloroso, e cansativo, mas necessário, e alguns terão dificuldades por talvez terem um temperamento em que sejam mais impulsivos, mas é fundamental se cuidar e poder assim glorificar a Deus através de uma espiritualidade emocionalmente saudável. O pior trabalho é aquele sobre si mesmo, porém é o mais nobre, o mais alto, e portanto o mais honroso.
    Esta geração atual está se afundando nas suas próprias emoções, sim, temos processos doentios de toda ordem acontecendo. Não sabemos nos frustar, não sabemos encarar realidades duras, não sabemos digerir fracassos e respostas negativas da vida, não sabemos não dar certo, porque nossas emoções nos elevam para ambientes de positividade infantil, de falsas promessas, de sonhos fraudados, que sendo nutridos acabam nos destruindo. Desde a infância deveríamos ser mentoreados e ensinados a lidar com situações indesejadas, inesperadas, e infelizes, sendo capazes de absorver os golpes da vida real e concreta e utilizando essas situações infortunas como combustível para continuidade da vida, e não para acreditar em fim de carreira. A morte é a situação mais previsível das nossas vidas e para nós ainda é um problema. Não conseguimos aceitar a partida de nossos Pets, quanto mais a de entes familiares mais queridos. Você não acha isso estranho?
     Que esse texto sirva como uma centelha de provocação e reflexão sobre a implicação das emoções em nossas vidas e que sejamos daqueles que gerenciam seus afetos e não sejam só reações e reflexos condicionados e determinados por manias sem sentido, portanto que possamos buscar uma redenção no evangelho.

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